O aumento no número de óbitos foi uma realidade. Os afastamentos de funcionários por pertencerem ao grupo de risco ou por terem sido diagnosticados com COVID-19 ou suspeita, também. Mas o setor agiu rápido: boa parte dos empreendimentos declararam estar funcionando 24 horas, muitas vezes não apenas para atendimento, mas também para serviços (remoções, sepultamentos e cremações); a capacidade de atendimento face a um possível aumento na demanda foi cada vez maior; e as soluções implantadas no dia a dia como alternativa às cerimônias convencionais foi uma realidade cada vez mais praticada, com ofertas variadas e curiosas.
Estas foram as principais conclusões da Pesquisa Panorama do Setor Funeral, implantada pela Acembra e pelo Sincep logo depois da declaração oficial da pandemia como medida de aproximação e radiografia dos seus impactos nosso mercado. Inicialmente semanal e posteriormente quinzenal, a pesquisa foi disponibilizada a todos os associados e profissionais do setor entre os meses de Abril e Agosto. Houve, ao todo, 12 relatórios gerados neste ínterim, sempre baseados em respostas voluntárias dos empresários do setor.
Neste período, o percentual de empresas participantes que disseram ter sentido um aumento no número de óbitos aumentou exponencialmente. Se nas primeiras pesquisas elas representavam em média 30%, no mês de julho elas chegaram a um recorde de 86%. Quando analisamos o panorama operacional, também notamos diretamente os efeitos da pandemia: o percentual de empresas que tiveram que afastar funcionários por pertencerem ao grupo de risco variou entre 55% e 80% – com algumas declarando terem afastado mais de 30 colaboradores em determinados períodos! Já as empresas que afastaram membros da equipe por terem sido diagnosticados com COVID-19 ou suspeita representaram de 31% a 75% do panorama, havendo uma ocasião em que apenas uma afastou um total de 25 funcionários!
A ampliação dos horários de atendimento demonstrou ter sido uma prática implantada por boa parte das empresas que participaram da pesquisa. As funerárias e crematórios quase sempre declararam estar operando 24 horas; entre os cemitérios, essa foi uma realidade adotada por um percentual que variou de 50% (na primeira semana da pesquisa) a 96% no mês de Junho. Quando questionados sobre a capacidade de atender um grande aumento na demanda, a maioria dos participantes afirmou conseguir absorver até o dobro de serviço. Por fim os EPIs não faltaram em momento algum – embora tenham ficado mais caros.
Mas o grande destaque da pesquisa foi perceber como os empreendimentos passaram a oferecer soluções alternativas aos velórios convencionais, dadas as restrições impostas pela pandemia. Ao longo de todo o período da pesquisa, metade das empresas declarou estar oferecendo outras opções, tais como: homenagens ao ar livre; transmissão e cerimônias online; produção de vídeos; envio de flores, cartas e santinhos aos familiares; homenagens por QR code; estação de realidade virtual e realização de cerimônia em sala 4D; obituário online; distribuição de rosas nas lápides; e até canhões de luz.
NOTA: é importante ressaltar que a Pesquisa Panorama do Setor Funeral foi uma sondagem informal, facultativa e meramente informativa. Seus resultados não refletem o panorama geral do país nem tampouco correspondem a critérios matemáticos ou estatísticos de pesquisas de mercado.